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O que pode auxiliar um casal a permanecer junto ao longo das décadas?

  • Foto do escritor: Gustavo Aurélio
    Gustavo Aurélio
  • 7 de set.
  • 5 min de leitura
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A proposta deste texto é refletir sobre algumas orientações que podem favorecer uma relação duradoura e saudável. É importante destacar, desde o início, que um relacionamento longo não deve ser entendido como a única ou a melhor forma de se relacionar. Cada casal constrói sua própria história, e o que funciona para uns pode não fazer sentido para outros.


Embora existam padrões recorrentes no funcionamento das relações, cada vínculo é um mundo único, com dinâmicas e particularidades próprias. Por isso, o texto a seguir não deve ser visto como uma fórmula, mas como sugestões possíveis, como caminhos que podem aumentar as chances de estabilidade, bem-estar e satisfação conjugal.


Como em qualquer aspecto da vida, os relacionamentos enfrentam desafios. E algo que costuma sustentar o cotidiano a dois de forma saudável é a percepção de cuidado mútuo: uma espécie de bom senso relacional, que se expressa em pequenas atitudes. Essa disposição, no entanto, pode ser mais difícil de manter em períodos de crise, e não se trata de algo conquistado de uma vez por todas. Ao contrário, é fruto de uma construção contínua, que envolve aspectos emocionais, comportamentais e também o contexto em que o casal está inserido.


Casais que permanecem juntos por muito tempo tendem a incorporar, de forma espontânea ou aprendida, muitos dos pontos que discutiremos a seguir. Alguns já praticavam essas atitudes desde o início; outros foram desenvolvendo com a experiência e o amadurecimento da relação.


Para organizar o texto, o dividiremos em quatro blocos: princípios centrais, práticas que fortalecem a união, manejo de conflitos e reparação e, por fim, sugestões práticas.


Antes, porém, trago uma reflexão pessoal que pode servir como ponto de partida: certa vez ouvi de um amigo que amor é uma ação. Essa frase me acompanha há cerca de 25 anos e, desde então, faz muito sentido para mim. Claro, o amor é um sentimento, mas ao pensá-lo como ação, colocamo-nos em uma posição mais ativa, de protagonismo: podemos renová-lo e recriá-lo no dia a dia.


É fundamental, no entanto, não confundir esse “amor como ação” com a anulação de si mesmo. Amar não significa esquecer os próprios sentimentos, projetos e necessidades, tampouco ignorar os pontos de atrito que fazem parte de qualquer convivência. A ideia é outra: compreender o amor como algo dinâmico e que se constrói na diariamente, na interação de ambos.


Com esse pano de fundo, vamos avançar para os próximos pontos, reforçando que não cabe a apenas um sustentar sozinho esse processo.


Princípios centrais


Podemos compreender os princípios centrais como os pilares que sustentam a estrutura de um relacionamento. É difícil imaginar uma relação saudável sem comunicação clara, escuta atenta, confiança, honestidade, respeito, admiração, compromisso e investimento mútuo. Vamos aprofundar cada um desses pontos.


Comunicação e escuta

O outro não tem acesso direto ao que pensamos ou sentimos. Muitos conflitos surgem justamente quando supomos que aquilo que nos parece óbvio também é evidente para a outra pessoa. Para evitar mal-entendidos, a comunicação precisa ser aberta e honesta, expressando necessidades, desejos e limites. Da mesma forma, a escuta deve ser ativa e atenta, ou seja, ouvir não apenas as palavras, mas também o tom, o contexto e a emoção que as acompanham. Esse esforço facilita o ajuste mútuo e fortalece a sintonia do casal. Vale lembrar também que o tom de voz, a postura e a escolha das palavras têm grande peso na qualidade da comunicação.


Confiança e honestidade

A confiança vai além da fidelidade sexual: trata-se da percepção de que podemos contar com o outro, de que existe parceria diante dos desafios e coerência entre palavras e ações. Sustenta-se em lealdade, sinceridade e transparência. É de uma importância vital, uma metáfora útil é pensar a confiança como as lentes de um óculos: qualquer arranhão, por menor que seja, atrapalha nossa visão, e a quebra de confiança afeta a forma de vermos quem a quebrou, abala bastante a relação.


Respeito e admiração

Respeitar significa reconhecer e aceitar a individualidade do parceiro, suas escolhas e limites. Admirar implica valorizar suas qualidades, sem cair na idealização. Respeito e admiração caminham juntos: é muito difícil admirar alguém a quem não respeitamos. Isso não significa ignorar defeitos ou irritações naturais que podem acontecer na convivência, mas sim manter uma postura de reconhecimento de que o outro é quem é, não quem gostaríamos que fosse. E, para que esse respeito seja verdadeiro, ele deve estar ancorado também no respeito por si próprio, ou seja, não passarmos por cima do que acreditamos e desejamos.


Compromisso e investimento mútuo

Um relacionamento saudável é visto como algo que merece atenção, tempo e energia. Esse investimento se traduz em um natural cuidado emocional, flexibilidade e priorização do vínculo, especialmente em momentos de crise. Compromisso não é apenas uma decisão racional, mas uma atitude prática, que envolve diálogo, conciliação de ideias e responsabilidade compartilhada. É uma via de mão dupla: não há como sustentar sozinho uma relação que exige a presença dos dois.


Práticas que fortalecem a união


Tempo de qualidade e pequenos rituais

Reservar momentos sem distrações, planejar atividades conjuntas e cultivar gestos simples, como um abraço pela manhã, um bilhete carinhoso ou brincadeiras internas, isso reforça a conexão e cria memórias comuns.


Metas e valores compartilhados

Ter princípios e objetivos em comum, mesmo que simples, ajuda a coordenar escolhas e sustentar um senso de projeto de vida a dois. Pode se tratar tanto de grandes decisões quanto de rotinas cotidianas: planejar uma viagem, combinar atividades de lazer ou criar tradições semanais. Pequenas metas conjuntas já fortalecem a sintonia.


Manutenção da individualidade

A autonomia pessoal é fundamental. Hobbies, amizades e espaços próprios preservam a identidade de cada um e nos auxiliam para não cairmos em uma dependência. Paradoxalmente, justamente a vitalidade da vida individual contribui para alimentar a atração mútua: ver o outro em movimento, interessado em seus próprios projetos, tende a fortalecer a admiração.


Intimidade emocional e sexual

A intimidade é uma linguagem de cuidado. Conversas profundas, demonstrações de afeto físico e o cultivo da vida sexual — mesmo que a frequência varie ao longo do tempo funciona como uma mensagem: “você importa para mim”. Ela não é apenas prazer, mas também um modo de sustentar o vínculo.


Conflitos e reparação


Comunicação construtiva na adversidade

Oscilações de humor, falhas e frustrações fazem parte da convivência. O diferencial está em como lidamos com elas. Um diálogo respeitoso, que busca entendimento em vez de críticas destrutivas, contribui para que os desajustes não se tornem barreiras emocionais.


Busca ativa pela resolução de conflitos

Assumir uma postura de conciliação, de paz, é essencial para que pequenos desentendimentos não se transformem em mágoas acumuladas. Resolver intrigas não significa ignorar o que aconteceu, mas enfrentar juntos o que causa o problema.


Resiliência diante das dificuldades

Eventos estressantes, como certas perdas ou dificuldades financeiras, podem colocar à prova a relação. Casais que oferecem suporte recíproco e se mostram flexíveis tendem não apenas a atravessar essas fases preservando o vínculo, mas, muitas vezes, a sair delas mais fortalecidos.


Sugestões práticas


  • Reserve semanalmente um tempo para uma atividade a dois: um jantar, uma caminhada, uma ida ao cinema, um momento sem telas, só de vocês.


  • Pratique a escuta reflexiva: quando algo incomodar, antes de responder depressa, veja se entendeu mesmo, reflita sobre o que escutou e se compreendeu. Isso reduz mal-entendidos.


  • Definam ao menos duas metas comuns para os próximos seis meses (como exemplo: uma viagem, um projeto doméstico, uma rotina de lazer conjunta).


  • Mantenha, semanalmente, um espaço individual para cultivar seus próprios interesses.


  • Após um conflito, busque um gesto de reparação nos dias seguintes — pode ser uma conversa, uma atitude concreta ou um cuidado simbólico. Lembre que o que vale para um, vale para o outro.


  • Lembre-se: cada passo é um exercício do casal, não apenas de uma das partes.


As orientações apresentadas aqui não pretendem ditar regras, mas oferecer um mapa flexível para que cada casal, com autonomia e responsabilidade, desenhe seu próprio caminho por meio da interação, da comunicação, confiança, respeito pela individualidade, compromisso e capacidade de adaptação.


 
 
 

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