Não destrua seu futuro com problemas do passado
- Gustavo Aurélio
- 6 de ago.
- 2 min de leitura

É comum associarmos experiências negativas, mesmo antigas, a dificuldades do presente. Como exemplo, alguém que sofreu uma traição pode ter dificuldade em confiar novamente; ou quem foi constantemente criticado pode desenvolver uma autoestima rebaixada. Esses impactos emocionais podem se tornar marcas profundas em nós, sobretudo quando os acontecimentos foram bastante marcantes.
Ainda que exista efetivamente uma conexão entre passado e presente, é importante reconhecer que essa associação pode se prolongar mais pela intensidade da dor do que pela realidade atual. Quando não é possível assimilarmos a dor, podemos ficar presos a ela, a revivendo mais do que a resolvendo. É como se o tempo parasse dentro de nós.
Esse fenômeno costuma carregar uma sensação de causa e efeito: algo significativo aconteceu, logo, terá uma consequência inevitável. Embora isso possa ser parcialmente verdadeiro, essa percepção tende a tornar a elaboração deste processo mais difícil. Afinal, é compreensível ter medo de fracassar quando carregamos feridas antigas ainda não cicatrizadas.
Mas aqui cabe uma pergunta: o obstáculo que enfrentamos hoje é realmente intransponível, ou se tornou maior justamente porque não conseguimos enfrentá-lo no passado? E se, com o tempo, ele foi ganhando força por ser constantemente relembrado, revivido e ajustado a nossa rotina emocional — a ponto de se transformar em uma espécie de desculpa bem elaborada e paralisante?
Pensar assim obviamente não nos habilita a simplesmente abandonarmos o comodismo ou as desculpas e agir, como se a mudança ocorresse de forma automática. Mas com este ponto de vista, temos um primeiro passo: uma conscientização necessária para que possamos, enfim, elaborar um plano concreto de enfrentamento. Só a partir daí a transformação se torna possível.
Quando culpamos o que ocorreu no passado como trava para o presente, podemos esquecer que ele já não pode ser mudado. E embora o que vivemos não se apague, pode ser reinterpretado. Se não ressignificarmos nossas dores, elas se transformam efetivamente em uma âncora. Por isso, precisamos observar se vale mais seguirmos presos a uma percepção, que embora difícil de ser trabalhada, nos isenta de responsabilidade, nos mantendo estagnados, ou assumir que, apesar das marcas, temos capacidade para agir.
É no agora que a vida acontece e onde o futuro se faz. Portanto, se o presente não é o que desejamos, ao invés de nos prendermos ao passado, podemos ver que temos a todo momento uma oportunidade para construir um futuro mais adequado ao que buscamos. Assim, podemos nos colocar em ação e adotarmos a ideia de pensar sobre o que deve ser feito com aquilo que temos e somos. Dessa forma, conseguimos melhores condições de entendermos aquele passado como uma referência, uma fonte de aprendizado e inspiração e não somente de dor.




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